Dicas

Especialistas alertam sobre os riscos de conviver em ambientes com umidade, infiltração e mal iluminado, os quais podem resultar em indisposições e até doenças.

Você sabia que existem casas que deixam as pessoas doentes? Sim, elas existem e podem causar desde tristeza à enfermidades. Em apartamentos, escritórios e principalmente casas o clima quente e úmido, nessa época do ano, é ideal para a proliferação de fungos que causam o mofo, um dos maiores vilões e que não prejudica somente as paredes, mas também a saúde.

Por isso os especialistas alertam que é importante escolher as casas onde se vai morar de aluguel ou planejar com cuidado as construções. O mesmo se repete quando o assunto é o local de trabalho. A pneumologista Tatiana Veloso alerta que a consequências diretas para quem passa muitas horas em ambientes com cheiro de mofo e pouca ventilação é o desencadeamento de alergias e infecções respiratórias.

Ela explica que com o aparecimento da umidade, os fungos começam a se reproduzir e através do ar se espalham pelo ambiente facilitando as contaminações. “O perigo está no fato de você desencadear alergias, asmas, sinusite, dermatite. O mofo é desencadeante para exacerbar uma crise asmática e nesse caso a indicação é reduzir todo tipo de infiltração na casa. Se a casa estiver mal ventilada é um problema porque vai acumular umidade e consequentemente o mofo. A inalação piora, por exemplo, a rinossinusite alérgica”, esclarece.

Por isso a especialista afirma ser crucial que os ambientes da casa tenham ventilação.

Ainda sobre a luminosidade e ventilação dos ambientes ela acrescenta que um erro frequente ocorre quando, na tentativa de evitar mofo, as pessoas fecham portas e janelas. Essa ação, na verdade, aumenta a proliferação de fungos e ácaros o que ajuda a piorar os quadros virais. “Os ácaros podem desencadear doenças, por isso as roupas têm que ser passadas, para evitar o contato com ele. Além de ser essencial o cuidado com o dia a dia da casa”, completa.

Emoções

De acordo com o arquiteto e urbanista Paulo Renato Alves, frequentemente quando se fala em ambiente mal ventilado e mal iluminado as pessoas só pensam nas alergias, mas existe ainda as doenças psicológicas. Ele afirma que ambientes insalubres afetam não só a saúde física, mas também a emocional.

“A pessoa que mora ou trabalha em um ambiente escuro, sem iluminação e ventilação se entristece e pode inclusive se tornar depressiva. Isso pode gerar problemas psicológicos e baixa produtividade. Em uma residência, por exemplo, uma criança em seu local de estudo não vai render em seu processo de aprendizagem, então tem esses aspectos psicológicos também” adverte.

Planejamento eficaz

Para o arquiteto e urbanista Paulo Renato Alves é possível prevenir o problema dos ambientes sem ventilação, mofados, úmidos e com infiltração com bastante antecipação, ainda na construção da casa. Para isso ele menciona a importância de contratar um arquiteto para a criação de um projeto coerente com a iluminação e ventilação adequada, pensando inclusive no fator emocional.

Da mesma forma ele alude ainda ser decisivo contratar um engenheiro, na hora de construir. Adverte que, não raro, problemas relacionados com a boa ventilação dos ambientes e entrada de luz, não é erro do projeto e sim da execução. “Não adianta o arquiteto fazer um projeto coerente e quando for construir não ser feito uma impermeabilização, por exemplo, isso vai gerar mofo. O ambiente pode ser ventilado o tanto que for, mas a parede mofada vai proliferar ácaro e fungos, então para funcionar um bom projeto tem que ter uma boa execução”.

Ele orienta que, caso a pessoa resida na casa os cuidados com a manutenção do local é o segredo para ter um ambiente saudável. “Chegou o inverno, vai mofar! Para evitar que esse mofo apareça, crie o habito de abrir as janelas durante o dia para que a ventilação possa evitar que esse mofo apareça. Caso seja inevitável, surgiu o mofo e já tiver dominado a parede tem que lixar e pintar, isso vai muito mais da manutenção”.

Paulo alude ainda sobre a economia que se pode ter quando se tem ambientes bem iluminados em casa o que proporciona também saúde financeira. “Ambientes bem iluminados geram economias no custo de energia e bem ventilados também, menos ar condicionado, menos luz acesa. Então contratar um arquiteto gera essa economia também”, conclui.

Bem estar e saúde

A jornalista Sabrina Ritiely sabe bem os riscos que um lugar com ventilação insuficiente pode causar à saúde. Ela recorda o quanto perdeu em qualidade de vida após mudar-se para uma casa mal iluminada e pouco arejada. Ambiente totalmente contrário ao ultimo lugar que ela residiu com a família.

“Morava em um apartamento no vigésimo segundo andar. Era um apartamento novo e quando abria uma janela ventilava a casa inteira, era muito bem ventilado e entrava a luz do sol. Quando fui para lá meu filho mais velho tinha um ano e um mês e meu filho mais novo quatro meses e eles nunca tinham adoecido. Eram crianças que nunca gripavam, a saúde deles impressionava a família”, expõe.

Ela descreve que as crianças eram saudáveis. Mas como o lugar onde moravam era de difícil acesso ao trabalho ela resolveu se mudar para um lugar mais próximo. Conta que em nenhum momento, devido a pouca experiência, parou para pensar na importância de encontrar um lugar com as vantagens de onde morou anteriormente.

“Inexperiente, a primeira casa que aluguei foi esse apartamento e não tinha parado para observar a importância da ventilação. No novo lugar onde fui morar no prazo de dois meses que mudei  não sai mais do hospital com meus filhos. Os médicos diagnosticaram refluxo, fizeram tratamento para  imunidade, tiveram crise de laringite, bronquite enfim foi quase um ano de sofrimento”, narra.

Sem entender o porquê dos filhos não pararem de adoecer, Sabrina pediu ajuda ao médico das crianças que recomendou que ela se mudasse de casa. “Foi quando encontrei um apartamento com vista para um parque e acesso à luz solar. Desde então, após um mês que estava lá, meus filhos nunca mais tiveram crise de laringite, bronquite. Nunca mais griparam e nem tiveram febre, a minha vida mudou, tudo por causa da casa”, constata.

Sabrina alerta sobre os cuidados que as pessoas precisam ter ao decidir alugar um imóvel para morar. “A minha falta de experiência não permitiu que eu percebesse a questão do mofo. Como haviam pintado a casa para entregar para gente, não notei que era uma casa cheia de mofo, que o muro na frente da casa impedia a ventilação, que o ambiente era muito úmido e não entrava a luz do sol. Uma série de fatores que contribui para que toda a família fique doente”, conclui.